Os preços da carne bovina dispararam no mercado atacadista brasileiro nas últimas semanas, em um aumento que não foi acompanhado pelos preços pagos pelo boi gordo e que colocou as margens dos frigoríficos no positivo pela primeira vez em meses. Os preços do traseiro bovino com osso, por exemplo, subiram mais de 24% desde o início de agosto, quando atingiram uma mínima de quase dois anos. No mesmo período, o preço de referência para o boi gordo recuou 0,9%, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A explicação para o aumento do “spread” está na redução dos abates em diversas unidades industriais nos últimos meses, em meio à alta de custos e queda na demanda de carne. Numa contagem da consultoria Agrifatto, das 281 unidades frigoríficas existentes no país (com inspeção federal), 58 fecharam as portas entre 2015 e 2016. Também há unidades iniciando férias coletivas ou realizando abates em dias intercalados, destacaram especialistas. “A queda no abate nos últimos meses enxugou a oferta de carne do mercado”, disse a diretora da Agrifatto, Lygia Pimentel.
Por outro lado, os preços do boi gordo, que chegaram a bater um recorde nominal histórico em abril, não acompanharam a alta da carne, devido à menor demanda pelas indústrias. Após meses de margens muito apertadas, o aumento no preço da carne é uma boa notícia para os frigoríficos, mas não traduz-se necessariamente no fim dos problemas do setor. A redução de atividade em unidades de grandes empresas do setor foi uma solução encontrada para reduzir prejuízos em algumas regiões deficitárias, mas não elimina diversos gastos, como salários. “A gente não consegue avaliar ainda o custo das plantas paradas. Provavelmente eles vão ter dificuldade de diminuir custo fixo”, disse Pimentel.
O movimento dos grandes frigoríficos para ajustarem-se ao mercado pode beneficiar as pequenas e médias indústrias, onde há menor ociosidade, disse ela. Na avaliação da consultoria IEG FNP, as indústrias de pequeno e médio porte podem ganhar espaço no atual cenário. Segundo o diretor técnico da IEG FNP, José Vicente Ferraz, cerca de metade do consumo interno de carne bovina do Brasil é abastecido por pequenos e médios frigoríficos.
Fonte: G1, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.